Harry
Eu não estava bem, a
ficha havia caído. Havia perdido minha mulher e meus filhos que nem nasceram.
Claro que foi um grande acidente, eu nunca teria intensões de magoá-la. Eu a
amava demais. Eu queria saber dela, saber se chegou bem em casa, se não passou
mal durante a viagem. Eu apenas queria uma notícia.
Uma das minhas maiores
preocupações naquele instante era de perder o nascimento dos meus filhos, eu
não queria ser ausente na vida deles. Já me bastava não ser tão presente para (SeuNome)
quanto queria. Com certeza, a gravidez dela nos aproximou ainda mais.
Com isso, um grande
flash atingiu minha mente me fazendo lembrar de quando ela me contou sobre a
gravidez. Foi um dos melhores dias da minha vida...
- Cheguei,
meu amor.
- Estou
aqui na sala! - Gritei enquanto via um jogo qualquer.
- Olhe,
comprei para você... - Se sentou ao meu lado no sofá com uma caixa pequena em
mãos.
- O
que é? - Olhei curioso quando ela me entregou.
- Abra.
- Tentou disfarçar um sorriso.
Fiz o que ela mandou. Abri devagar e vi que eram dois sapatinhos
de bebê feitos de lã.
- Amor,
sapatos de lã? Por quê?
- Bom,
é que talvez o nosso bebê... - Colocou a minha mão sobre a sua barriga. - Nasça
no frio - Sorriu lindamente.
- Bebê?
Você está grávida? - Sorri ansioso e ela apenas assentiu. - Oh meu Deus, eu vou
ser pai! - A abracei com força - Eu te amo! - Beijei ela. - Quantos meses?
- Nove
semanas.
Dois meses depois, ela chegou muito animada.
- O
que foi, que sorriso é esse? - Ri.
Ela não era boa em disfarçar.
- Olha.
- Me mostrou dois sapatinhos de lã.
- Perdeu
os outros?
- Amor,
se lembra que semana passada comentamos sobre minha barriga estar crescendo tão
rápido?
- Claro.
- Bom...
é porque são gêmeos. - Sorriu.
- Oh
meu Deus! - A beijei seguido por um abraço. - Gêmeos?
Era gostoso ter
lembranças boas dela, lembrar de nossas risadas, do nosso casamento, das nossas
brigas que sempre acabavam em uma ótima noite na cama, mas principalmente de
como nos conhecemos.
Eu havia perdido uma
aposta com os amigos, eu teria que ir até a Montanha-Russa mais alta da cidade.
Isso não teria problemas se eu não tivesse um grande pavor de altura. Nos
conhecemos na fila, eu estava me apavorando sozinho enquanto ela me olhava
confusa. Isso gerou uma conversa e acabou que fomos juntos por conta de medos
semelhantes.
Acabou que me
apaixonei por ela, nos casamos e hoje montanhas-russas têm um grande
significado para mim, nunca serão as mesmas. Bom, realmente porque agora não
estamos mais "juntos". Por lei e por mim ainda somos casados, mas
tenho certeza que ela nega qualquer envolvimento.
Durante os dias em que
passei sem ela, o meu desespero foi tão intenso a ponto de contratar um cara
para vigiá-la por mim. O mesmo havia me mandado fotos dela no aeroporto com um
rapaz. Eu conhecia bem aquela silhueta, e posso dizer que odeio cada centímetro
dela. O meu maior motivo de ciúmes estava bem ali, com ela envolvido em um
caloroso abraço. Claro que não me senti bem, ela sorria como uma boba. Isso eu
nunca aceitaria, só eu a fazia se sentir assim.
(SeuNome)
Já haviam se passado
alguns dias que eu havia voltado para meu país natal. Não, não foi nada fácil.
Eu parecia estar sofrendo muito com o clima tão diferenciado, sem contar os
problemas pessoais. Se não fosse por Gabriel, eu estaria perdida.
Gabriel é um amigo de
infância, quase um irmão para mim. Nos separamos assim que resolvi fazer o
intercâmbio depois da escola, e desde então nunca mais voltei. Para minha
sorte, assim que comecei a trabalhar lá, investi numa boa casa e era onde
estava vivendo. Por momento, Gabriel estava morando comigo. E por mais que eu
insistisse para ele ir, ele dizia que nunca deixaria uma mulher grávida sozinha
e indefesa.
Entramos no mercado
abraçados e eu me sentia confortada. É claro que parecíamos um casal para quem
olhasse, mas tínhamos um sentimento recíproco de irmãos.
As compras foram
rápidas, ele estava absurdamente nervoso com o fato de eu não parar um só
segundo com o meu "barrigão". As pessoas que estavam no local até se
assustavam, pois pelo tamanho da barriga não era para eu estar andando daquela
forma por todo canto.
O mais fofo de tudo
foi quando eu estava no caixa vieram duas crianças para falar comigo.
- Moça - Chamou o
menino. - O que é isso? - Apontou para minha barriga.
- Michel, não seja
lerdo! - A menina disse. - É uma bola!
Eu ri, eles eram muito
fofos.
- Na verdade, aqui tem
bebês. - Falei sorrindo.
- Bebês? - A garotinha
novamente disse. - Mas não é um só?
- Mas eu tenho dois
meu bem, são gêmeos.
- O que é gêmeos moça?
- O menino.
- Quando tem dois
bebês dentro de uma barriga, se chamam gêmeos. E os gêmeos as vezes nascem
iguaizinhos, um focinho do outro.
- Ah, que legal! -
Falaram impressionados.
Depois daquilo os dois
correram para outro lado do mercado. Eram lindos, espero
que meus filhos sejam assim. Já mencionei que é um casal? Não? Pois é, um
menino e uma menina. São bem pesados.Eu e Gabriel saímos do
mercado e fomos para casa. Eu o ajudei a guardar as compras mesmo ele
protestando a todo custo.
- Pare de ser chato,
já estou terminando!
- Para de se esforçar,
não sei fazer partos! - Falou com um pouco de desespero. Sempre foi exagerado.
- Tudo bem, vou
dormir. - Falei subindo as escadas. - Depois que terminar, já pode ir para
casa.
- Nem pensar! Vou
ficar com você até essas crianças nascerem, e se possível, vou te ajudar a
cuidar.Já no segundo degrau,
me virei para ele com um grande sorriso no rosto.
- Você é o meu anjo. -
Pisquei.
Ele sorriu iluminado e
piscou.
- Bons sonhos. - Acenou.
- Para você também. -
Voltei a subir. - O quarto de hóspedes é todo seu.
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