"Imagine Harry Styles - Meu Parceiro de Apartamento" Part. 14 - Tudo Passou Tão Rápido.

Harry
Ver ela havia me deixado completamente louco. Claro, eu a via pelo menos quatro vezes por semana, mas dessa vez foi diferente, ela olhou pra mim. Há mais de três anos que não vejo aqueles olhos me observarem fixamente. Não posso mentir, eu me afetei assim que os olhos dela atingiram os meus, eu não esperava que o meu coração ficasse tão inquieto quanto ficou. Sobre eu e ela? Não consigo falar sobre. Me lembro perfeitamente de quão desesperado eu fiquei durante as primeiras semanas. O que mais me preocupava, era o fato de que ela estava morando com Chris. Um homem e uma mulher juntos em um apartamento nunca da certo, isso sempre acaba em sexo. Somos a prova viva.
Por um tempo voltei para a minha vida antiga de festas, mas não vem tendo tanta graça. Geralmente apenas bebo, mas no caso de estar muito chapado, levo alguém pra casa. Jake? Continua o mesmo, meu melhor amigo de todas as horas. Porém se mudou pra Ohio há uns meses, ou seja, nada de conselhos vinte e quatro horas por dia como antes.
Esses dias, ando com um grande stress. Minha mãe veio me visitar há algumas semanas, assim como combinado, duas vezes por ano. Ela foi uma das primeiras pessoas que recorri quando estava pra baixo. Porém, dessa última vez, ela estava muito estressada. Nunca a vi tão brava quanto aquele dia, ela não havia superado a ideia de que eu e (SeuNome) não ficaríamos juntos.
Enquanto eu pensava, ouvi o telefone ecoar pela casa. 

Alô?
Harry, oi querido.
Oi mãe.
Está melhor?
Mãe, foi só uma fase.
Eu liguei pra ela.
Mãe, você não...
Não, eu não disse nada sobre a sua depressão. -Revirei os olhos.
Então o que disse?
Só liguei pra ter noticias dela. Ela disse que vai voltar pro Brasil depois da formatura dela, que por acaso é amanhã.
Brasil?
Sim.

Bom, espero que ela tenha uma boa viagem mãe. -Respirei fundo. É claro que eu estava apavorado, mas o que eu podia fazer?

Harry, já chega! Dá um jeito nisso, agora.

Mãe, não deu certo com a gente. Supera isso, ok?

Eu só quero vocês felizes, filho.

Vamos ser felizes, mas não juntos. Mãe, eu também não concordo, mas já superei. -Mentira.

Superou? Querido, você ainda tem fotos dela por todo canto da casa. Sem contar que não deixa absolutamente ninguém entrar no antigo quarto dela. Isso é superar filho?

Mãe chega dessa conversa, não acha?

Faz o que quiser, querendo ou não, eu tenho que te apoiar. -Suspirou.

Obrigado.

Até mais.

Nos despedimos e respirei fundo. Olhei para o corredor, necessariamente pra porta dela que se encontrava fechada. Andei até lá e abri a porta com cuidado. Era idiotice imaginar que ela estava dormindo? Talvez. Idiotice ter medo de trazer alguma mulher pra casa e ela me ver? Com certeza. Ou não.

Assim que dei um passo pra dentro, ainda pude sentir o perfume dela. Estava fraco, mas eu sentia. Fechei a porta como se o perfume fosse escapar e logo me deitei em sua cama sentindo o cheiro dela se intensificar. Pensar nela já havia virado rotina, e como todos os dias, eu me sentia um idiota. Aquela garota que me parou na rua hoje tinha razão, eu poderia ter a calado facilmente com um beijo, mas eu fui covarde e agora estou aqui, sofrendo por ela. Me lembro das alianças, eu ainda as tenho, guardo com carinho. Estão quietas e provavelmente empoeiradas em baixo do travesseiro esquerdo da minha cama, o qual ela costumava deitar. Odeio isso, mas ela acabou me tornando um romântico incorrigível. Fechei os olhos e continuei sentindo aquele cheiro, tentando pelo menos imaginar que ela estava presente ali comigo.
Eu estava parcialmente tranquilo até ouvir alguém literalmente socou a porta da sala e eu revirei os olhos, ninguém me deixava em paz. Respirei fundo e fui atender o desgraçado.
_O que? -Disse olhando para o ser.

Jenna

Estava tarde da noite e eu lá no telefone, ouvindo os desabafos da donzela desamparada. Eu nunca contaria pra ela a minha versão da história, e nem podia. Ela iria estragar todo o meu plano.

Vai dormir, amanhã é um novo dia. 

Provavelmente Anne contou pra ele que eu vou embora, me ajuda. Eu não quero vê-lo nunca mais, não posso sofrer de novo Jen!

Para de falar merda, vai ficar tudo bem. Eu prometo, eu prometo.

Certeza? 

Sim, confie em mim. 

Confiar em você? Como assim Jen, o que você está...

Tchau, amanhã temos salão o dia todo. Se você chegar cansada, eu te jogo de cima do Empire State!

Desliguei rápido antes de ouvir qualquer outro protesto. Eu já estava deitada, só estava esperando ela parar de falar. Respirei fundo, fechei os olhos e peguei profundamente no sono.
Acordei assustada com o despertador gritando escandalosamente, anunciando sete horas. Me levantei completamente sem vontade alguma e me arrumei basicamente para encontrar (SeuNome) na frente do salão. Assim que fiz todo o necessário, fiquei a esperando, e ela até que não demorou comparando as outras vezes.
_Bom dia, (SeuApelido).
_Bom dia Jen!
Entramos e já fomos chamadas para começar. Eu não podia mentir, eu estava tão nervosa que não estava concentrada no meu "dia de princesa". Por que? Bom, ontem depois daquele rolo todo, fui até a casa do garoto. Sim, agora eu sei onde fica. Enfim, eu tinha que convencê-lo de alguma forma.

Flashback
Depois de ele ter me deixado plantada na calçada como uma idiota, eu fui obrigada por mim mesma a o seguir. Acabamos no Edifício Prinston. Fui pra casa pensar em um plano melhor, mas depois de horas voltei lá e pra minha sorte, não havia porteiro no momento. Não me lembrava o andar que ele havia colocado no elevador, mas eu ainda me lembrava que (SeuNome) me dizia que morava no apartamento 32. Assim que subi e encontrei, bati na porta com força.
_O que? -Ele abriu um pouco irritado, mas a situação piorou assim que me viu ali.- O que faz aqui?
_Preciso conversar.
_Terminamos nossa conversa há umas três horas atrás, passar bem. -Tentou fechar a porta, mas eu segurei.
_Para de frescura garoto, só quero conversar! -Falei nervosa. 
_Pra que? Pra me dizer que eu fiz tudo errado e que eu sou um grande idiota? Obrigado, mas eu já sei disso.
_Vai me escutar, ou o seu drama vai durar mais um pouco? -Cruzei os braços.
_Entra logo. -Ele revirou os olhos abrindo passagem.
Quase satisfeita entrei e me sentei no sofá, a casa estava um pouco fora de ordem, mas era bonita. Olhando ao redor, eu podia ver milhares de fotos dela espalhadas só naquele cômodo.
_O que você quer? -Continuava em pé.
_Qual é o seu nome? -Perguntei tentando ser amigável.
_Harry. -Disse desanimado, sem interesse algum no que eu pretendia dizer.
_Sou Jenna. -Sorri, mas ele não esboçou reação.- Ok Harry, é um papo bem breve. Vim te convidar pra nossa formatura.
_Formatura? -Ergueu uma das sobrancelhas e cruzou os braços.
_É, a gente se forma amanhã.
_Legal. -Respondeu suspeito, pelo jeito ele já sabia.- Mas não quero ir.
_Ah, vai sim! Vai ser divertido! -Me levantei.
_Não posso, tenho compromisso.
_Sair pegando geral na balada? -O encarei brava, ele era um idiota.- Dá pra ver na sua cara o por que não conseguiu ir atrás dela, seu covarde.
_Você não me conhece, não sabe da minha vida! Então não me chame assim!

_Não? Bom, sei o suficiente pra deduzir que você provavelmente não consegue levar ninguém pra cama sem pelo menos beber quarenta litros de vodka. -Apontei pra mesa de centro cheia de copos e garrafas de vidro vazias e umas pela metade.
_Veio aqui pra me xingar, ótimo já pode ir.
_Para de ser idiota!
_Ela não me quer mais, sei liga sua louca!
_Cala a sua boca garoto! Ela nunca te esqueceu, seu trouxa!
_Não? -Ele riu irônico. -Ok então, sabichona. Como você sabe? -Continuou com aquela expressão debochada.
_Quando ela vai falar com Sam, sempre se refere a você como "papai". 
_Ela já fazia isso.
_Ela olha as fotos do aniversário dela diariamente, principalmente a foto de vocês. Não sei se sabe, mas a foto de vocês dois está em um quadro enorme no meio da sala.
_Eramos grandes amigos.
_Ela não teve outro homem depois de você. -Percebi a expressão dele mudar completamente, estava surpreso.- Exato, três anos na seca. Se é que me entende, e eu sei que sim.
_Mentira. -Aquilo me tirou do sério. 
_Segundo ela, não conseguia pois sentia como se estivesse traindo você. Mesmo depois de você ter feito isso com ela, ela não conseguia ser tão suja como você a ponto de dar o troco! Você não faz ideia de quantas vezes ela disse que queria dar o troco mas não conseguia pois você ainda era vivo na mente e no coração dela. -Comecei a me alterar.- Eu nunca vi um babaca maior que você, eu só não te odeio completamente por que você conseguiu a fazer feliz um dia. Se você tem o mínimo de consideração por ela, pelo menos pra se despedir você vai prestar. -Tirei o papel do endereço do local e joguei na mesa saindo de lá apressadamente brava.
Flashback OFF

Se eu estava com raiva? Você não faz ideia. Mas eu continuava com medo, se por acaso ele se ofendeu demais, não vai aparecer na formatura. 

_Que cara é essa? -Ela me olhou enquanto eu parecia concentrada em pensamentos. 

_Que cara? -Me fiz de desentendida.

_Essa Jen! -Suspirou.- Não se preocupe, vamos ficar bem quando eu voltar para o Brasil. 

Pra ser sincera, sim aquilo também me doía. Ela era a melhor amiga que eu poderia ter encontrado e pra dificultar, sou da Irlanda. Ou seja, muito mais longe. 

_Eu espero. -Sorri.- Mas vamos focar na maquiagem. -Apontei para a revista de amostras se segurávamos.- Eu gostei da número 35.

_Prefiro a 47.

Estamos esperando para fazer as unhas, as que decidimos na semana passada. Tudo juntas, sempre.

O tempo passou, já eram seis e quarenta da tarde. Estávamos lindas e prontas, eu e ela. Pela hora, era necessário que fossemos direto para o local da formatura. Ficava em New Jersey, uns 30 minutos. Pegamos um táxi e fomos. 

_Jenna, me diz o que está acontecendo? Eu sei que você não está bem. 

_Não é nada, só não acredito que vou me formar. -Sorri, claro que eu estava mentindo. 

_Eu também não, mas olhe pra nós, indo para o grande começo de nossas carreiras. Esse é um grande dia!

_É. -Respirei fundo, o meu coração não parava. 

_Será que o Chris vai? 

_Não sei. 

Acabamos a conversa ali, mas logo chegamos. 

 
Harry

Advinha quem fez uma merda? Sim, eu.

Flashback

...Se acalma, eu entendo que está um pouco desesperado, mas pare com os palavrões por um tempo.
Um pouco desesperado Jake? Deve estar brincando!
Harry, o que você quer fazer?
A minha maior vontade é vê-la de novo. Eu preciso daqueles olhos atenciosos em mim outra vez.
E o que você está esperando, seu burro.
Eu não vou, é serio. Não vou, eu não posso ir.
Porque, você é otário?
Eu não posso, entenda. Não vai acontecer como nos filmes clichês que os dois voltam e são felizes para sempre. Eu tenho mais um ano de faculdade aqui em Nova York, ela tem a profissão no Brasil. Mesmo depois dos meus estudos, não posso ir pro Brasil e muito menos ela ir pra Inglaterra. Eu sei que não era pra ser assim, mas acontece. As coisas não estão cooperando comigo, o universo me odeia.
Harry, cala a boca.
Jake, eu não quero deixá-la partir, mas eu não tenho escolha. Não posso deixar a minha carreira de lado, estou me esforçando demais pra ser um bom advogado.
Faça a coisa certa, você tem que ir.
Eu não sei, Jake.
Pelo menos pra dizer adeus.
Talvez você e Jenna tenham razão, eu devo ir.

Flashback OFF

Você deve estar se perguntando,  "O que você fez?". Bom, só quero que entendam, não foi fácil. 

Aconteceu que sim, eu estava indo para a formatura dela, eu estava pronto. Mas algo me ocorreu, eu não conseguia parar de pensar nas merdas que eu já causei na vida dela. Não conseguia tirar da mente que ela poderia não querer me ver, eu não queria tornar as lembranças da formatura dela em um desastre. Tentei me acalmar, mas eu não conseguia. Eu olhava para as fotos dela na parede e eu imaginava que ela seria feliz daquele jeito, sem mim. Talvez ela seja a garota certa pra mim, mas eu não quero vê-la sofrer por minha causa, eu não sou o cara pra ela. Eu tinha que ser realista e sincero, nada iria realmente se ajeitar como eu queria. 

Me sentei no sofá e me veio a cena de quando nos conhecemos, eu nunca achei que aquela garota antipática pudesse fazer isso comigo. Mas aqui entre nós, foi um dos melhores dias da minha vida. Já pensei milhares de vezes nesse dia, mas ele nunca foi tão significativo como hoje. Eu sei o que é melhor pra nós dois, bom, pelo menos pra ela. 

Jenna

Fiquei apavorada quando vi que a festa já estava ao fim e ele não havia aparecido. Aquilo me angustiou, eu tive a chance de concertar as coisas e acabei estragando tudo com o meu nervosismo excessivo. Eu nunca me senti tão mal pela infelicidade de uma pessoa como naquele momento. Eu esperava que a história desses dois acabasse em uma linda cena romântica no baile de formatura, mas me iludi. Eu tentei ajudar esses dois, mas na cabeça de ambos, o outro não quer mais nada. Esses dois burros, se amam e não tomam jeito. 

_O que foi Jenna? -Chris, amigo de (SeuNome) reparou a minha expressão desagradável. 

_Se lembra do plano? Ele falhou. -Abaixei a cabeça.

_Jenna, essa história nem começou ainda. -Ele sorriu e cruzou os braços. 

_O quer dizer, Chris.

_Vamos dizer que eu tenho uma certa amizade com o destino, e ele me garantiu acontecimentos. 

_Você bebeu demais, não foi? -Olhei pra ele desconfiada. 

_Mais ou menos. -Riu.

_Chris, uma vez, esse Harry mencionou que a (SeuApelido) estava afim de um cara. Acho que ele estava se referindo a você. 

_A mim? Sem chances,  já me conhece. Ele provavelmente está falando de Allan, o adestrador do Sam.

_Verdade, ele a encontra toda semana no parque. Ele parece meio atrevido, mas só não sabe falar o inglês fluente. 

_É, Sam precisa aprender comandos em português pra ir com ela para o Brasil. Não quero que ela vá embora, Jenna.

_Nem eu Chris, nem eu. Agora cala a boca, porque ela está vindo.

Fingimos estar em outro assunto, mas ela nos conhecia muito bem. Assim que a festa maravilhosa acabou e fomos pra casa dela, ela nos questionou. 

_Pela minha leitura labial, estavam falando sobre Sam. O que tem o meu bebê? 

_Nada. Só iremos sentir saudades, somos humanos com sentimentos. -Chris respondeu. 

_Gente, já conversamos. Eu tenho que ir.

_Você tem ou você só quer sair logo de Nova York pra esquecer o passado? -Fui direta. 

_Jen, não é isso...

_Não? Então me explica essa foto enorme de vocês dois aqui na parede. -Apontei pra enorme moldura.

_Foi no meu aniversário, uma data que eu gostaria de lembrar. 

_Então por que ele ali? Não poderia ser sua família, sua mãe? Para de se enganar, isso é idiotice. 

_É a minha melhor foto. -Continuava mentindo. 

_Porque ele está lá. Porque você pode vê-lo todos os dias quando acorda, assim como era antes. Você sente falta, você quer voltar atrás, mas é orgulhosa. Acha que se resolver voltar pra ele, sua dignidade será ferida. Não, isso é amor. O amor suporta tudo, supera até a traição. 

_Não, isso não é verdade. -Sua voz estava começando a embargar. 

_Então por que você já esqueceu todo o passado e já o perdoou em segredo? Isso é amor, (SeuNome). Amor. -Abri a porta do apartamento, e fui embora. 
Eu sei, talvez eu tenha sido um pouco grossa, mas eu não aguentava mais fingir não me importar com aquela situação. E Harry? Ele é um idiota.

Doze meses após.

Não foi fácil deixá-la partir, mas eu tentei. Claro que pedi desculpas por ter sido tão inconveniente naquele dia, foi inevitável. Um dos meus planos, era voltar pra Irlanda naquele mesmo mês, mas decidi de última hora que eu ficaria por mais um ano. Nova York foi um grande passo na minha vida, não podia sair daqui de uma hora pra outra. Eu e ela conversamos todas as vezes que conseguimos e nunca perdemos contato por mais de uma semana, exceto desta vez, porque ela está ocupada demais com a edição de fotos de um grande casamento clássico. Chris se mudou pro Canadá, e não faço ideia do porque, pois ele nunca mencionou aquele lugar. Durante esses dias, estou completamente em tédio, não sai de casa pra nada, a preguiça está reinando. Pensei em sair pra dar uma volta no parque onde (SeuNome) costumava passear com Sam, mas eu estava tão desanimada, que acabei desistindo.

Harry
Eu estava pensativo, como de costume nesses meses. Mas era algo mais complexo, eu estava tentando desvendar um mistério quase impossível, não conseguia. Explicando com clareza, há quase um mês, três semanas e meia exatamente, eu ando recebendo emails sem endereço de algum maluco que sabe até demais sobre a minha vida. Textos que falam até demais sobre a minha vida amorosa, o que é bem estranho, porque é preciso saber muita coisa sobre isso pra colocar tantos detalhes. Pra tentar ser ainda bem mais claro, aqui vai um exemplo de um dos emails.

"O dia deve estar bonito aí, Nova York é sempre um clima a cada dia. Presumo que você no mínimo não sai pra ver o dia há algum tempo. Faça um favor a si mesmo, e saia de casa para respirar um novo ar. Não precisa ser tão inteligente para saber que a primeira paisagem que vem á sua mente, é o lindo Central Park. Você sabe qual é, com certeza uma das suas melhores lembranças. Espero que se divirta, pense e que tenha um bom e produtivo dia!"

Talvez eu pareça um idiota, mas eu sei que pra escrever essa coisa, no mínimo precisa ter vindo pelo menos uma vez pra NY pra saber do clima, conviver comigo por uma semana e ser muito atrevido pra me mandar ao parque em que eu e ela tivemos um suposto "primeiro encontro".
Respirei fundo e resolvi fazer o que o indivíduo sugeriu, talvez o parque fosse a minha melhor opção. Apenas coloquei um casaco e sai de casa com aquele vento gélido no rosto. Eu andava calmamente pelas ruas, mãos nos bolsos e olhar sério. Era o que me definia naqueles meses, seriedade e cansaço. Eu entrava no parque enquanto as senhoras de idade me observavam. 

_Bom dia. -Uma delas me cumprimentou. 

_Bom dia. -Sorri apenas naquele momento mostrando a minha educação. 

Assim que as passei, achei um banco vago e solitário, então me sentei. Eu pensava na vida, nos momentos, nas alegrias, em tudo. Ela havia me feito muito feliz, até eu acabar com tudo. 

_Nossa, quanto tempo não nos vemos. -Olhei para cima e vi Jenna se aproximar.

_Você de novo não... -Esfreguei as mãos nos olhos.
_Não se preocupe, não vou te culpar por nada dessa vez. -Se sentou do meu lado observando a paisagem.

_Legal. -Respirei fundo.- O que faz aqui? 

_Senti falta dela... Odeio admitir isso, mas é a verdade.

_Então estamos no mesmo barco.

Eu não queria comentar nada sobre os emails com ela, eu estava suspeitando daquela coincidência.

_Me desculpe se soar meio inconveniente, mas como aconteceu? -Ela me olhou curiosa. 

_Não sei, simplesmente me apaixonei.

_Simplesmente? É impossível ser uma coisa tão simples, não acontece assim.

_Não sei como aconteceu, só sei que acabei a beijando sem querer. Foi aí onde tudo mudou pra mim.

_Você a beijou de repente? -Me olhou risonha e surpresa.- Levou um soco, tapa ou algo do gênero?

_Não. -Ri.- Mas aquele foi o melhor beijo da minha vida.

_A história de vocês é tão linda, eu queria que desse certo.

_Eu sou um cara com muito azar no amor.

_É que as vezes a gente tenta evitar o destino e acaba se afundando nele cada vez mais. 

_Ela foi a minha vida, e só agora eu percebo. Eu devia ter dado mais atenção e carinho... -Olhei pra baixo decepcionado. 

_Não se engane dessa forma. Você foi a maior e melhor coisa pra ela, eu ouvi sobre vocês por três anos todos os dias, você realmente acha que ela não sentiu o seu amor?

Não respondi, mas aquilo havia me surpreendido. Por nossa falta de assuntos que não fossem sobre ela, fomos cada um pro seu canto. Cheguei em casa e vi a luz da secretária eletrônica acesa. Tirei o casaco e apertei o botão verde. 

"Você tem uma mensagem:

Filho? Oi! Tentei ligar a manhã inteira, celular desligado, como sempre. Mas vamos direto ao assunto filho, há três Natais que não passa comigo. Dessa vez não tem desculpas, você já se formou, já está livre! O que impede de visitar a mamãe? Não responda, te espero aqui. Estamos com saudades!"

Ah, que ótimo. Em pleno inverno e eu vou ter que entrar num avião que pode ser derrubado pela neve monstruosa de Nova York. Mudando brevemente de assunto, minha mãe estava um pouco afobada na ligação. Estava falando rápido demais, quase atropelando literalmente as palavras. 

Após passagem comprada e mala pronta, lá estava eu, indo pra Inglaterra. Não vou para Holmes Chapel desde que briguei com (SeuNome) daquela vez. Há cinco dias do natal, aqui vou eu para a casa da minha mãe. Espero que seja um Natal divertido, pois os últimos Natais passei em noitadas bebendo como se não houvesse amanhã.

"Natal é uma das melhores datas. Reencontros com aqueles que amamos e tanto apreciamos. As surpresas que essa data trás não há comparações. Só acreditando pra poder realmente viver a expressão 'Milagre do Natal'. As coisas acontecem tão rápido, tão de repente. Uma ligação de amor sempre faz uma grande diferença. Bom, boa sorte!"

Mas que droga, já chega de emails sem sentido!

Assim que cheguei na porta da casa tão conhecida por mim, abri sem ao menos bater. Assim que avistei o interior da grande casa, não ouvia nada. Ouvi passos descendo a escada que se localizava na frente da porta principal, a qual eu estava. Aqueles eram os chinelos de Gemma, mas eu acabei me surpreendendo com aquele rosto no qual eu bem conhecia. 

_Anne, já voltou...? -Ela parou no meio da escada assim que seus olhos encontraram-se com os meus.

Eu estava tão surpreso quanto ela, aliás, eu não a esperava dentro da casa da minha mãe. Ela continuava estática enquanto eu procurava palavras. 

_O-Oi. -Respirei fundo tentando controlar toda aquelas batidas descompassadas do meu coração. Eu me sentia um adolescente virgem outra vez.

Ela não me respondeu e sua expressão também não se alterou. 

_Está tudo bem...? -Dei três passos em direção a escada, mas ela subiu. 

Fui atrás dela e a vi entrando no meu antigo quarto batendo fortemente a porta. Eu não queria assustá-la, não era a minha intenção. Ela parecia brava e surpresa.

"Não, não, não pode ser!"

Eu ouvi ela resmungar dentro do quarto. Eu não queria atormentar mais, aquilo lá estava claro. Desci as escadas e logo vi minha mãe entrar pela porta principal com compras de mercado.

_Querido! -Colocou as compras no chão e veio diretamente me abraçar.- Senti sua falta. 

_Eu também mãe. -Respondi baixo, eu ainda pensava na cena anterior.

_O que aconteceu filho? -Me soltou me olhando preocupada. Respirei fundo e ela provavelmente entendeu.- Você já a viu? 

_Sim. -Me afastei.- Porque está fazendo isso mãe? -A olhei um pouco incrédulo. -

_Querido, não... Gemma não sabia que eu havia te pedido pra vir, então a convidou pra passar o Natal aqui.

_Como iremos ficar na mesma casa? Por minha causa ela está nesse exato momento trancada no meu quarto.

_Então se resolvam. Hoje vamos até a tia Mary, chame-a enquanto eu guardo as compras. -Deu as costas e levou as compras pra cozinha. 

Respirei fundo pela milésima vez naquela hora e resolvi que faria.

SeuNome

Eu estava sentada na cama, apenas olhando para o nada me recuperando. Mas que coisa idiota, estou me escondendo de um cara que deveria tomar vergonha na cara. Mas que culpa tenho eu, só não consigo lidar com isso. Eu realmente gostei dele, não é? Gostei no passado, bem lá atrás. 

Enquanto eu pensava, ouvi alguém na porta. Não respondi. Bateram novamente.

_(SeuNome), é a Gemma. -Ouvi a voz dela. 

_Pode entrar. -Respirei aliviada. 

_Oi! -Vi seu rosto. 

_Oi. -Tentei sorrir.

_Não fica brava, mas eu não sabia que ele estava vindo. 

_Tudo bem. 

_Bom, minha mãe disse que iremos à um jantar na casa da tia Mary. Daqui há umas duas horas, teremos que estar prontas. 

_Ok, obrigada.

Ela saiu e eu me joguei na cama. Eu estava estressada, mas não queria demonstrar. Gemma era minha amiga, eu não queria decepcioná-la. Eu não podia acabar com a nossa amizade porque o irmão dela foi um traidor na minha vida.
As horas passaram e eu continuava ali dentro, sem ao menos sair pra respirar. Tomei um banho e me arrumei sentando na cama. Eu não estava bem, eu não queria ir até a casa da tia Mary, eu sabia que ela queria me conhecer, mas eu não me sentia bem por algum motivo. Enquanto eu pensava, ouvi uma discussão, mas eu não conseguia entender.

Harry
Havia horas que eu estava sentado lá no sofá, mas nem sinal dela. Eu estava começando a pensar que aquela "coincidência" não deveria ter ocorrido. Minha mãe estava na cozinha enquanto me observava, eu sabia o que ela pensava.
_Porque não foi? Não precisava mandar Gemma ir até lá.
_Ela não quer me ver, isso ficou bem claro.
_Aquilo pode ter sido apenas um choque, vocês não ficam num mesmo cômodo há uns quatro anos, pensava o que?
_Olha, eu estava pensando e acho melhor eu ir para algum hotel pra deixá-la mais a vontade.
_Ela filho? Ela? Pra que isso, você está em casa, não vai pra lugar nenhum! -Ficou irritada.
_Não. Mãe, ela não está preparada pra me ver. Você tem que entender!
_NÃO, EU NÃO VOU ENTENDER! -Ela surtou de vez, nunca a ouvi gritar daquela forma.- VOCÊ PASSOU ANOS ME DIZENDO EM TODAS AS LIGAÇÕES QUE ELA NÃO ESTAVA PREPARADA PRA TE VER, MAS É VOCÊ QUEM NÃO ESTÁ. -Ela parou na minha frente e se acalmou.- Não me peça pra entender, você é quem precisa. Querido, você passou quatro anos sozinho naquele apartamento esperando que ela voltasse. Você sabia o porque ela não iria voltar, mas você não fez nada pra que isso acontecesse. Não espere que eu faça por você e muito menos ela.
O silencio se estabeleceu ali, eu não imaginava que era o que ela pensava. Eu estava surpreso? Sim. Ofendido? Sim. Errado? Com certeza.
_Mãe, me desculpa... -Tentei concertar a besteira.
_Filho, você não precisa se desculpar comigo, não fez nada pra mim. -Olhou, ela estava mais calma.- Eu não queria gritar, te ofender, nada assim. Mas filho, você tem que entender que têm coisas na vida, que só acontecem uma vez. Agora vá se arrumar, estamos quase atrasados.
Ela subiu e eu respirei fundo. Eu não sabia como seriam esses dias, mas eu já sentia que iriam me dar trabalho.

Continua...

Oi! Bom, como eu sabia que eu estava demorando demais pra postar, resolvi não deixar pra terminar a fic no 14 e sim no 15. Esperam que tenham gostado :))